Casta
Casta
É de tua boca seca e faminta que palavras calam e salivas jorram, fazendo umedecer desejos, ampliar bocejos e demonstrar batons. É de teus rouges alaranjados, de tons de roxo e dourado, de vermelhos escarlates e rosas, prosa à toa e papo.
É de tua falsa pureza que venho falando. De teu estupro ao contrário, casto e salafrário, que não masturba e não sente, não se entrega, não goza. Não doa a carne e não transcende o espírito, mente!
Doente de amor e de ódio, envolvida em sonhos de sódio, paixões de bronze, aromas de enxofre e medos de alfazema, suor e lágrimas termo estáticas. Ginásticas para embelezamentos, tormentos para ser amada.
Burra! Frígida e coitada! Não vês o falo, o furo e a queda?
Não vês o filho, o carma e a moeda? A merda toda que vens censurando, miguelando gostosuras, travessuras e esse queijo minas?!
Loira prateada, endiabrada e russa. Bolchevique dos erotismos proletários, de sarros de gordos e magros que te cospem as cifras do suor maligno, de dias trabalhados e noites insone, de famílias adiadas e prazeres tardios.
Piranha, rameira e suja, que alimenta minha vida inútil, de energias vibratórias e telúricas.
R.M.
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