sexta-feira, outubro 06, 2006

Casta

Casta


É de tua boca seca e faminta que palavras calam e salivas jorram, fazendo umedecer desejos, ampliar bocejos e demonstrar batons. É de teus rouges alaranjados, de tons de roxo e dourado, de vermelhos escarlates e rosas, prosa à toa e papo.

É de tua falsa pureza que venho falando. De teu estupro ao contrário, casto e salafrário, que não masturba e não sente, não se entrega, não goza. Não doa a carne e não transcende o espírito, mente!

Doente de amor e de ódio, envolvida em sonhos de sódio, paixões de bronze, aromas de enxofre e medos de alfazema, suor e lágrimas termo estáticas. Ginásticas para embelezamentos, tormentos para ser amada.

Burra! Frígida e coitada! Não vês o falo, o furo e a queda?

Não vês o filho, o carma e a moeda? A merda toda que vens censurando, miguelando gostosuras, travessuras e esse queijo minas?!

Loira prateada, endiabrada e russa. Bolchevique dos erotismos proletários, de sarros de gordos e magros que te cospem as cifras do suor maligno, de dias trabalhados e noites insone, de famílias adiadas e prazeres tardios.

Piranha, rameira e suja, que alimenta minha vida inútil, de energias vibratórias e telúricas.

R.M.